“A esperança não engana” (Rm 5,5)
"Estamos concluindo o ano de 2024, que marcou a vida e a história do povo de Deus no Rio Grande do Sul, pela calamidade provocada pelas chuvas; o espírito de coletividade criou uma grande corrente de solidariedade no estado, no Brasil, e em outros países"
Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Estamos concluindo o ano de 2024, que marcou a vida e a história do povo de Deus, no nosso Estado do Rio Grande do Sul, pela calamidade provocada pelas chuvas que caíram de forma desproporcional no mês de maio. Mas o espírito de coletividade, de estender a mão aos flagelados, criou uma grande corrente de solidariedade no Estado e no Brasil, e envolvendo também outros países do mundo. De certa forma, a dor que fere a vida não reconhece fronteiras, assim como os gestos de amor e caridade, para fazer o bem e ajudar o próximo, conseguem romper as fronteiras das divergências culturais e religiosas, para cuidar da vida ferida.
Ao concluirmos esse ano de 2024, creio ser importante agradecer às pessoas que fazem parte da nossa vida, pelas coisas boas que aconteceram, mas também pela solidariedade nos momentos difíceis. Manifestemos gratidão a Deus por cada passo dado, mesmo quando, nos momentos de dor, podemos ter tido a sensação de que estávamos sozinhos. Ele é Pai e sempre esteve ao nosso lado, caminhando contigo e comigo, mesmo quando ocupados pelas coisas da vida, desviamos o olhar para não contemplar o seu rosto cheio de misericórdia e compaixão por nós. Ele não deixou de nos amar. Tenha no teu coração a força da fé, acredita e verás que a vida terá sempre um sentido maior, porque é a força divina tocando a nossa realidade humana.
Neste ano que está para terminar, temos a graça de iniciar em nossa Igreja um novo Ano Santo, o Jubileu, que tem como tema: “Peregrinos da Esperança”. O Jubileu nos envolve numa caminhada espiritual, para celebrarmos os 2025 anos da encarnação do “Verbo”, do céu que tocou a terra, do Deus que se fez carne e assumiu a nossa dimensão humana. Todos devem sentir-se convidados a fazerem um caminho de conversão, de crescimento espiritual, tendo presente a vida pessoal, a família e a realidade do mundo em que vivemos. É um tempo marcado por muitos desafios, para os governantes, as instituições, as famílias, e de modo especial para os jovens, que vivem o dilema entre a realidade presente e as incertezas em relação ao futuro.
Que a celebração do Ano Santo “possa ser para todos um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, «porta» de salvação (cf. Jo 10, 7.9). No peregrinar da vida, todos nós, de certa forma, somos motivados a olhar o amanhã com “esperança”. E a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, que o “Senhor Jesus” é a «nossa esperança» (1 Tm 1, 1). No coração de cada pessoa encerra-se a esperança como desejo e expectativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã. Porém, esta imprevisibilidade do futuro faz surgir sentimentos por vezes contrapostos: desde a confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida. Muitas vezes encontramos pessoas desanimadas que olham, com ceticismo e pessimismo, para o futuro como se nada lhes pudesse proporcionar felicidade. Que o Jubileu seja, para todos nós, ocasião de reanimar a esperança!” (BULA DE PROCLAMAÇÃO DO JUBILEU ORDINÁRIO DO ANO 2025 – Papa Francisco)
Desejo que a paz e esperança sejam abundantes na vossa vida, no Novo Ano que iremos iniciar.
+ Dom José Gislon, OFMCap.
Bispo Diocesano de Caxias do Sul
